COVID 19 - não te perdoo - tiraste-me os abraços!
- Irina Alpalhao
- 1 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Esta pandemia tem sido penosa em muito aspetos.
No aspeto sanitário, no aspeto económico e no aspeto social. Esta maldita pandemia tem-nos tirado, e continua a tirar, muitas coisas - a saúde, a sanidade mental e para alguns - o trabalho. Mas confesso - que o que mais me tem custado é ter-me tirado os abraços. Tem-me custado não abraçar os meus pais, a minha avó de 90 anos, os meus familiares (sobrinhos, primos, cunhados e até a minha sogra ;) ) e os meus amigos. Se existe algo que o COVID19 me tem ensinado nestes últimos tempos é a urgência dos afetos.
Muitos de nós (sobretudo o que estão a passar por isto completamente sozinhos) não irão tocar num outro ser humano por 2 meses. Meu Deus! 2 meses, 60 dias, 1440 horas, sem um único toque!
E penso naqueles, cujos entes queridos partem no meio deste momento, e que não se podem despedir, não se podem confortar, não podem fazer o luto como deveria ser. Como nos despedimos de uns dos nossos sem o tocar uma última vez, sem nos podermos amparar (fisicamente) neste momento de tanta dor e de tanto sofrimento? Nunca mais nos vamos poder despedir. É um momento que jamais pode ser recuperado.
Para quem acredita na vida depois da morte, consola-nos saber que um dia iremos voltar a encontrar-nos e tomar um copo num qualquer bar celestial, onde estarão seguramente todos os nossos entes queridos que já partiram e que vivem agora uma vida plena (pelo menos quero acreditar que sim).
E os que cá ficam? Destroçados e sem um abraço de conforto, de compreensão, de amizade!
Tenho esperança que esta crise nos consiga tornar melhores pessoas, mais próximas nos sentimentos e na solidariedade, mesmo que com distanciamento físico. Que nos consiga mostrar que o que realmente importa, o que devemos valorizar e desvalorizar, o que realmente conta são os sentimentos que nutrimos uns pelos outros, os afectos que nos ligam e sabermos que nos temos uns aos outros e que nos cuidamos mutuamente.
Sei que isto tudo passará e que iremos retomar a “vida normal”.
Acho e espero que ela não volte ao mesmo normal - egoísta, egocêntrico, narcisista, mas sim volte a uma nova vida normal, plena daquilo que mais importa - termo-nos uns ao outros, partilharmos afectos e muitos, muitos abraços.
Sei que iremos tirar muitas lições desta pandemia, mas nunca lhe irei perdoar ter-me tirado os abraços.
Sei que juntos venceremos e tornar-nos-emos mais fortes e melhores pessoas! Assim seja!
by Irina Alpalhão
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